Instrumentos musicais de cerâmica

PEÇAS DE CERÂMICA

O som da terra é a rocha, a água, o fogo, tem cheiro e temperatura. Quanto menos rocha, mais próximo à origem terra e mais sonoridade. Emite sons que lembram cachueiras onde água corre sobre pedras.

MORINGA: Instrumento musical recorrente em diversas tradições. Já produzi e comercializei dezenas destes quando morava em São Paulo. Trabalho com moldes que me dão formas matrizes que posso montar em diversos modelos. Experimentei diversos tipos de massas, engobes, esmaltes e queimas para obter resultados satisfatórios quanto a sonoridade (timbre e volume) e estética (formas, cores e texturas).
Não tenho habilidade com o torno, por isso contratei um grande profissional, o Mestre Adão, de São Paulo, para fazer algumas matrizes, das quais tirei moldes para reproduzir. Gosto de texturas rústicas. No mercado existe uma preferência na circulação de instrumentos muito bem acabados e padronizados -que admiro muito- mas a minha opção é por formas, texturas e símbolos primitivos, que remetem a antiguidade da prática de contrução de instrumentos musicais de cerâmica.

Esta peça feita com fiança queimada em 1000 graus foi colorida no corpo com engobe de ferro e nas extremidades com esmaltesde cobre e chumbo.

Moringa feita a partir de peça torneada pelo mestre Adão, em fiança, com engobes de ferro e desenho Kene do escorpião, de origem indígena katukina.

  ÑTAMA, conhecido como "tambor falante", de origem africana, também de cerâmica. Feito a partir de moldes, colorido com engobes, funciona perfeitamente, com o diferencial do timbre especial da cerâmica.

Moringa tamanho médio em fiança com esmaltes variados à

 1000 graus

Tambor modelo de minha criação. Batizei de "Caixa d àgua", devido a riqueza de timbres que ele pode produzir entre um grave profundo e o extremo agudo. O sistema de afinação destes tambores são de minha idéia, pois conclui que os aros feitos com cordas de forma devida seguram a altura e se conforma sem forçar demais a estrutura cerâmica.

Eles formam coloridos com esmaltes e engobes de alta temperatura, queimados entre 1000 e 1150 graus.

Esta peça é feita com uma argila maravilhosa, negra, de origem holandesa. Quanto maior a temperatura, varia entre o roxo escuro até um negro carbônico com uma textura especial. Neste caso apliquei esmalte transparente para ressaltar seus brilhos.

Todas estas peças foram produzidas entre 1997 e 2003. Foram queimadas em fornos à gás e elétrcos no atelier do Departamento de artes visuais da ECA USP e ateliê de parceiros ceramistas Jônia Guimarães e Paulo.